Brasil fica estagnado em ranking da corrupção

País passou de 72º colocado para 69° em lista de percepção sobre esse tipo de crime, mas nota é praticamente a mesma do ano passado

05 de dezembro de 2014 13:23

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Relatório da ong Transparência Internacional sobre a percepção de corrupção ao redor do mundo, divulgado ontem, aponta que o Brasil melhorou três posições no ranking. Numa lista de 175 países, o Brasil, que estava na 72ª colocação no ano passado, passou para a 69ª posição. Apesar disso, a mudança não representa avanços reais, já que a pontuação passou de 42 pontos – de um total de 100 pontos – em 2013 para 43 em 2014.

O Brasil divide a 69ª colocação com mais seis países: Bulgária, Grécia, Itália, Romênia, Senegal e Suazilândia. No fim da fila estão Coreia do Norte e Somália, os mais corruptos do mundo, com oito pontos cada um. A Dinamarca lidera como país em que a população tem menor percepção de que seus servidores públicos e políticos são corruptos, registrando um índice de 92 – a escala vai de 0 (extremamente corrupto) a 100 (muito transparente).

“O Brasil está estagnado e isso não é uma boa notícia”, disse à Agência Estado o diretor para as Américas da Transparência Internacional, Alejandro Salas. Segundo ele, se não há uma mudança é porque o mundo continua tendo a percepção de que a corrupção é um problema no Brasil. “Estagnação no contexto brasileiro significa que o dinheiro público continua sendo saqueado.” Por isso, para o diretor “a mudança no ranking não significa nada”. “Neste ano, temos menos países avaliados e, no fundo, em termos de pontos, não houve uma diferença.” Segundo Salas, o recente caso de corrupção sob investigação que envolve a Petrobras pode afetar de forma importante a imagem do Brasil e, nos próximos levantamentos, a percepção pode piorar. “Tudo depende da liderança no Brasil. Se os responsáveis forem castigados, pode ser um ponto positivo.”

Roni Enara, diretora executiva do Observatório Social do Brasil, destaca que, tão importante quanto ações de combate à corrupção pelos órgãos de controle, é a prevenção, sobretudo pelo controle social. “As ações de monitoramento dos observatórios têm surtido efeito País afora, principalmente no desperdício e desvio de dinheiro público. Depois do malfeito, o recurso dificilmente será recuperado em sua totalidade”, assinala.

Além do problema da corrupção, ela comenta que é primordial a transferência do conhecimento da gestão empresarial para a gestão pública. “Percebemos a falta de capacitação dos servidores nas compras e licitações. Quanto menor for a profissionalização, maior a margem para desvios. Exemplo disso são as aquisições desnecessárias e preços praticados acima do mercado”, ressalta a diretora.

Já o professor de Filosofia Política da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Elve Cenci, atenta que existe uma dupla moralidade na população brasileira. “Quando trata-se de desvio de dinheiro público, o brasileiro considera corrupção. Mas, quando falamos de condutas rotineiras – de não submeter-se às regras ou comportamento alimentado por uma rede de favores –, ele não tem a mesma sensação e a corrupção é tolerada.” Dessa forma, conforme ele, a percepção precisa mudar em todos os aspectos. “A mudança passa, sim, pela punição de quem cometeu a corrupção por usar indevidamente o dinheiro, mas passa também pela mudança da cultura do ‘jeitinho brasileiro’ como algo natural e não ‘ser otário’ para seu benefício.”

Impacto

A ong ainda faz um alerta sobre o impacto da corrupção no crescimento de países emergentes. Pelo ranking, todos os integrantes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) não atingiram pontuação considerada satisfatória. A China somou 36 pontos, a Rússia aparece com 27 e a Índia, com 38 pontos. “Economias de crescimento acelerado cujos governos se recusam a ser transparentes criam uma cultura de impunidade na qual a corrupção prospera”, afirma o presidente da Transparência, José Ugaz. A Transparência Internacional é referência mundial na análise da corrupção. O relatório é elaborado anualmente desde 1995, a partir de diferentes estudos e pesquisas sobre os níveis de percepção da corrupção no setor público de diferentes países.(Com Agência Estado)

Via Folha de Londrina

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